Fantasporto 2012, Dia 3 – “Eva”.

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Ainda no terceiro dia do pré-Fantas, foi exibido um dos filmes que mais curiosidade despertava nos cinéfilos. “Eva“, de Kike Maíllo, que tinha sido nomeado para 12 prémios Goya, vencendo três estatuetas (Melhor Realizador Estreante, Melhor Actor Secundário e Melhores Efeitos Especiais).

Em 2041, o desenvolvimento tecnológico está a um passo da criação do primeiro robô livre, o S.I.-9. Alex Garel (Daniel Brühl), o cientista responsável pelo projecto, e que o abandonou há 10 anos, é agora chamado para regressar à universidade da sua cidade natal para desenvolver o software de controlo emocional, que permitirá ao robô pensar e agir como um ser humano. Reencontrará o seu irmão David (Alberto Ammann), a sua cunhada e antiga paixão Lana (Marta Etura) e Eva (Claudia Vega), a sobrinha que Alex crê ser o modelo emocional perfeito para o S.I.-9.

Desde o cativante genérico inicial que “Eva” demonstra ser um filme com uma emotividade e qualidade técnica acima da média. Na aproximação à narrativa, desde cedo percebemos através da imagem o universo onde a estória se desenrolará. Para isso contribuem os excelentes efeitos especiais, que primam por não ser excessivos, mas na medida exacta para servirem a narrativa e ajudarem ao envolvimento do espectador.

O argumento é bastante seguro e envolvente, com uma narrativa pausada que leva o seu tempo a desvendar os mistérios do passado, ao mesmo tempo que as suas consequências influenciam o presente, tendo o bom senso de confiar no espectador e evitar o recurso a flashbacks desnecessários. No final, fica uma reflexão sobre a humanidade que nunca nos é imposta, sendo mesmo opcional, uma vez que o drama da narrativa e o entretenimento proporcionados são plenamente satisfatórios para o espectador.

Tecnicamente, o filme espanhol está ao nível do que de melhor se faz mundialmente. A realização do estreante Kike Maíllo é seguríssima, evitando cair nos clichés do género e conseguindo equilibrar os elementos narrativos de forma a privilegiar acima de tudo a estória, sem se deslumbrar com a qualidade dos efeitos especiais. Com o mesmo objectivo, consegue também uma direcção de actores perfeita, caracterizando na perfeição a interacção entre humanos e robôs.

O elenco está também acima da média, com destaque para o alemão Daniel Brühl (“Sacanas Sem Lei“), a estreante Claudia Vega e o justamente premiado Lluís Homar (“Abraços Desfeitos“), que interpreta na perfeição um mordomo robô com diferentes níveis de emotividade. Tecnicamente, o filme é irrepreensível a todos os níveis (As 12 nomeações aos Goya são prova disso), com destaque para, além dos efeitos especiais de Xavi Bastida e José M. Meneses (“O Labirinto do Fauno“), a música de Evgueni e Sacha Galperine, a fotografia de Arnau Valls Colomer e a montagem de Elena Ruiz (“O Orfanato“).

Resumindo, “Eva” é o melhor filme até agora exibido no Fantasporto 2012, que agradará a todos os públicos, pela sua qualidade acima da média e por uma estória que, de tão bem contada a todos os níveis, emociona, entretém  e, se assim quisermos, nos faz pensar. A não perder.

Classificação: 4.5/5

Poderão ainda ver ou rever “Eva” na próxima quinta feira, dia 1 de Março às 23h15 e no sábado, dia 3 de Março às 15h00,  no grande auditório do Rivoli.

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