Fantasporto 2012, Dia 3 – “The Theater Bizarre”.

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Ao terceiro dia do pré-Fantas, a minha escolha recaiu em dois filmes que ainda serão exibidos na competição oficial do Fantasporto 2012. O primeiro foi “The Theatre Bizarre“, uma colecção de estórias bizarras (no mínimo) com uma narrativa base que serve de fio condutor.

O filme, à semelhança de outros como “Twilight Zone: The Movie“, é composto por seis segmentos realizados por outros tantos realizadores, com um outro a que vamos regressando, e que é a base narrativa do conjunto. Por ordem, temos: “Theatre Guignol” realizado por Jeremy Kasten, “The Mother of Toads” por Richard Stanley, “I Love You” por Buddy Giovinazzo, “Wet Dreams” por Tom Savini, “The Accident” por Douglas Buck, “Vision Stains” por Karim Hussain e “Sweets” por David Gregory.

Em “Theatre Guignol”, temos portanto o fio condutor da narrativa, em que Enola Penny vive obcecada com antigo teatro que avista da sua janela. Uma noite, ela vê a porta do teatro entreaberta e entra naquilo que parece ser um bizarro teatro de marionetas em que cada uma tem uma diferente estória para contar. Mas, à medida que as estórias se desenrolam, algo muito estranho e irreversível acontecerá a Enola.

Como é natural neste tipo de filmes, há uma natural desigualdade qualitativa entre todos os pequenos filmes que compõem este mosaico, sendo que o primeiro é claramente o mais fraco. “The Mother Of Toads” é um filme banal sobre um casal que, em viagem pela Europa profunda, encontra uma velha mulher que esconde um antigo e mortífero segredo. “I Love You” é claramente melhor, apesar de redundante por não trazer nada de novo a uma estória de obsessão amorosa. No entanto tem um argumento escorreito que se segue sem aborrecimento.

Melhor ainda é o segmento de Savini, “Wet Dreams”, e o primeiro do filme a entrar no terreno do Gore. Um homem recorre a um psiquiatra, após alguns sonhos húmidos que põe em risco a vida da própria mulher. Savini consegue equilibrar bem os elementos do filme, esticando as cenas sangrentas até ao limite mas sem o ultrapassar. Acabou por ser o meu segmento preferido .

“The Accident” é o segmento que parece deslocado, em que os horrores do mundo real são vistos através dos olhos de uma criança. É a curta mais séria, e seria interessante vê-la noutro contexto. “Vision Stains” volta ao reino do terror e do fantástico, com a estória de uma mulher viciada nas memórias alheias e que arranja a sua dose através do fluido vítreo dos globos oculares das suas vítimas. É um filme intenso, com o ritmo certo para uma estória que acaba por surpreender pela positiva.

Por último, o segmento mais excessivo de todos, em que uma perversa e doentia obsessão por doces vai revelar-se trágica para um casal. Aqui vale tudo para enojar o espectador, mas o filme acaba por se revelar mais cómico do que nojento, envolvendo gore e muita ironia para retratar os vícios da sociedade actual. Foi o segmento que mais regozijo provocou na plateia e que acabou por terminar de forma bem positiva esta razoável antologia de terror.

Resumindo e concluindo, “The Theater Bizarre” é daqueles filmes para serem vistos no ambiente do Fantas, cujo público é bem receptivo a este tipo de entretenimento. Cinematográficamente falando, é um filme interessante, que ganharia em perder umas duas curtas e encurtando a estória que lhe serve de fio condutor. Alguns dos pequenos filmes que aqui estão ganhariam em ser vistos isoladamente.

Classificação: 3.5/5

Poderão ver ou rever “The Theater Bizarre” na próxima quinta feira, dia 1 de Março, no grande auditório do Rivoli às 21h15.

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