Fantasporto 2020 – Dias 4 a 7 de Março.

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Fantasporto 2020 - banner

3ª e última parte da programação do grande auditório do Rivoli – Teatro Municipal, na 40ª edição do Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto, a decorrer de 25 de Fevereiro a 8 de Março. Consultem os posters, trailers e sinopses que disponibilizamos e escolham os filmes que vão ver. Depois da exibição, podem voltar e consultar as nossas apreciações e classificações. A última sessão do dia 7 e todas as sessões do dia 8 serão com os filmes premiados nesta edição. A programação estará disponível no artigo de divulgação dos premiados, a publicar no dia 7. Volto a deixar-vos os links para o programa oficial no Issuu, da página de facebook do festival e do calendário com toda a programação, dos nossos amigos do Um Dia Fui Ao Cinema.

QUARTA, 4 DE MARÇO

17:00 – “I Am Toxic

 I Am Toxic - Poster

Pablo Pares – 83’ (Arg) CF – v.o. leg. port.

No ano 2101 uma guerra química no hemisfério norte e a sul causou fome e devastação. Um homem acorda no meio de cadáveres, totalmente desorientado. No céu, os aviões despejam os mortos. O cinema argentino tem uma longa tradição no fantástico de terror. Seleccionado para os festivais de Bruxelas, Roterdão IFF, Mar del Plata e Fantaspoa, entre outros.

Apreciação: A frase no poster diz tudo. “Soy Toxico” é uma colecção de referências coladas numa estória básica e pouco inspirada. O resultado final, apesar de competente torna-se um pouco arrastado e maçador, porque os momentos de tensão vão-se tornando mais repetitivos e menos estimulantes. O problema maior do filme é que, apesar das referências, há pouca carne para canhão, e o body count (tão importante neste tipo de filme) é demasiado reduzido para o tema.

Classificação: ★★½★★

19:00 – “Omar and Us

Omar and Us - Poster

Mehmet Bahadir Er, Maryna Gorbach– 103’ (Turquia) – drama – SR – v.o. leg. ingl e port.

Um homem e uma mulher, dois refugiados sírios à espera de atravessar o Mediterrâneo são recolhidos por um casal que os leva para a casa. Mas o dono, apesar de os ter ajudado, é um antigo soldado do Kosovo. Interpretado por dois verdadeiros refugiados sírios e vindo dos realizadores de “Love Me”, apresentado no Fantasporto 2014 e que foi Prémio Especial do Juri , Melhor Realização e o Prémio da Crítica.

Apreciação: Uma belíssima surpresa. Provavelmente o filme mais honesto, mais sólido, menos pretensioso deste Fantas. A prova de que não é preciso inventar nada, basta olharmos à nossa volta e encontramos interesse e beleza nas coisas mais simples. Uma bonita estória, com um tema muito actual, muito bem executada a todos os níveis.

Classificação: ★★★★★

O trailer ainda não está disponível.

21:15 – “Gone

Gone - Poster

Arttu Haglund – 91’ (Finlandia) – INTERNATIONAL PREMIÈRE – CF – fantastic – v.o. ingl, leg. port.

Matti está com a filha no carro e, de repente, desaparece. Não se trata de um evento pontual. Para o resto da vida, Matti vai lidar com estes desaparecimentos sem explicação e que o levam a conhecer o mundo. Um exemplo da vitalidade do cinema finlandês. Primeira longa-metragem do realizador.

Apreciação: Uma idéia com alguma originalidade, mas que acaba por não encontrar as melhores soluções para resolver a sua premissa. Filme que começa por ser interessante de acompanhar, mas vai perdendo fulgor à medida que se vai tornando mais pesado e enredado em si próprio. Muito bom tecnicamente, com boas interpretações e fotografia, mas precisava de mais trabalho no guião para compensar o espectador.

Classificação: ★★★½

23:15 – “Immobilia Crime Story

Immobilia Crime Story - Poster

Khaled al Hagar – 123’ (Egipto) – thriller – SR – v.o. leg. ingl e port.

Kamal, um escritor recluso e solitário que ouve vozes, decide receber em sua casa, uma mulher que conheceu no Facebook. A mulher (Nahed El Sebai, já premiada no Fantas) convence-o a deixá-la ficar lá. Uma intrigante história de crime e obsessão. E a confirmação de um grande talento do moderno cinema egípcio, e de quem já vimos “Sins of the Flesh”.

Apreciação: Immobilia Crime Story“ é um thriller interessante, mas que perde vigor no último acto, pela previsibilidade da sua conclusão. Grande realização, grande fotografia, a aproveitar brilhantemente o seu cenário natural (por natural, entenda-se edíficio real no centro do Cairo) e grande interpretação de Hani Adel. Tivesse um final mais arrojado e inesperado, e estaria aqui um dos thrillers do ano.

Classificação: ★★★★

QUINTA, 5 DE MARÇO

17:00 – “In the Name of the Mother

O poster ainda não está disponível.

Joel Lamangan – 99’ (Filipinas) – SR – drama – ANTESTREIA MUNDIAL – v.o. leg. ingl e port.

Depois do suicídio do marido que a deixara por outra, cabe à viúva tratar de todos. A mulher luta por manter a família unida e o seu negócio em ordem. Para isso tem de contactar com o submundo dos gangs de Manila. Mas nem tudo corre como esperava. No Fantasporto 2018 apresentou em palco “Bhoy Intsick” que foi Prémio Especial do Juri do Orient Express.

Apreciação: Há aqui um grande equívoco porque, eu não sei o que raio isto é, mas não é cinema. A sensação que me deu foi de estar a ver um telefilme do canal Lifetime (ou do género), um melodrama telenovelesco para passar à tarde para entreter donas de casa (nada contra, desde que não mo queiram vender como cinema). Não há um único plano cinematográfico neste filme. São os vulgares planos televisivos médios, campo / contra-campo, geral e pronto. O visual mais básico e tele-formatado possível. As interpretações são horríveis, exageradas no dramatismo (tanto a rir como a chorar), sempre em overacting. A música a puxar à lágrima de 10 em 10 minutos. De 15 em 15, a montagem resolve passar de cena com um fade out / fade in (estava sempre à espera de ver um anúncio publicitário no meio). Já para não falar no argumento, que parece retirado das páginas do Corin Tellado (as vossas mães e avós saberão o que isto é). E eu vi os dois filmes anteriores de Joel Lamangan no Fantas (“Bhoy Intsik” e “Rainbow’s Sunset“) e são cinema. Até fui ver as minhas críticas anteriores e os trailers para confirmar. A ajudar às minhas suspeitas de que isto é um equívoco, não encontro em lado nenhum informação sobre este filme. Da filmografia de Lamangan no IMDB, não consta. No Google também não. Aparece muita televisão menor, sobretudo telenovelas, realizadas por ele, mas não com este nome. Por isso, não basta aceitar tudo o que vem de realizadores que já passaram pelo festival. Convém passar os olhos para perceber se se enquadra. Porque é triste ir a um festival de cinema, e dos mais conceituados, para ver má televisão.

Classificação: ★★★★★ (zero, só para ficar claro)

19:00 – “Lola Igna

Lola Igna - Poster

Eduardo Roy Jr – 114’ (Filipinas) – SR – v.o. leg.ingl e port.

Uma bela história sobre uma mulher de idade que se diz preparada para morrer e re-encontrar o falecido marido. Mas as coisas não vão ser mesmo assim. Mais um filme humanista de Eduardo Roy, um dos mais premiados realizadores filipinos, que conhecemos já de “Pamilya Ordinario”, exibido no Fantasporto em 2017.

Apreciação: Logo no primeiro plano deste filme, percebemos que, ao contrário do anterior, vamos ver cinema. E do bom. Uma belíssima e simples estória, realizada com grande rigor e beleza, um argumento terno e cómico e excelentes interpretações. Mais um caso em que simples e sincero é melhor, resulta e prende o espectador.

Classificação: ★★★★

21:15 – “Detention

Detention - Poster

John Hsu – 102’ (Taiwan) – CF – horror, sci-fi – v.o. leg. ingl e port.

Com Taiwan ainda sob o regime comunista, uma escola luta contra a repressão organizando um clube literário. O monstro, inevitavelmente, virá até eles. Primeira longa-metragem do realizador, já vencedor do Golden Horse Festival.

Apreciação: Logo a abrir, o enquadramento histórico e político parecia antecipar um grande filme, mas quando começam a adicionar elementos de horror, fica demasiado confuso e perde consistência. E a sensação que fica, é que a estória base seria mais do que suficiente, não precisava ser um filme de terror. Não é mau de todo, acaba por ser competente a criar tensão e pregar sustos, mas é apenas mais um filme de terror e poderia ser um grande drama histórico.

Classificação: ★★½

23:15 – “Howling Village

Howling Village - Poster

Takashi Shimizu – 109’ (Jap) – horror sobrenatural – CF – v.o. leg. port.

Explorando os terrores da noite, dois adolescentes aventuram-se para lá do túnel proibido. Quando desaparecem, eventos estranhos começam a acontecer e todos aos habitantes da aldeia parecem envolvidos. Do realizador de “The Grudge”.

Apreciação: Há muitos bons exemplos de bom horror sobrenatural japonês (como o referido “The Grudge”), mas aqui ficamos por um filme que não aquece nem arrefece. Curiosamente, as melhores partes parecem mesmo uma sequela dele, ou então é Shimizu que tem um fetiche por chamadas telefónicas ameaçadoras. O filme acaba por ter demasiados elementos distintos que parecem nunca encontrar conexão entre si, deixando algumas pontas soltas. Tem bons momentos e imagens interessantes, mas é inconsequente.

Classificação: ★★★★

SEXTA, 6 DE MARÇO

17:00 – “Guitarist

Guitarist - Poster

Jason Orfalas – 142’ (Filipinas) – ANTESTREIA MUNDIAL – ficção- científica/ acção – CF – v.o. leg. Ingl e port.

Numa sociedade repressiva no futuro, de partido único, que apenas oferece pobreza e pastilhas à população, que proibe a música e queima livros, e onde a diferença entre a vida e a morte é pequena, Marcelo é um jovem que contesta o sistema militarizado que o explora.

Apreciação: Um dos mais interessantes filmes filipinos em tempos recentes no Fantas. Tem uma premissa que geralmente implica meios de produção que não costumamos encontrar nesta cinematografia, mas consegue ser credível, graças a uma boa cinematografia e direcção artística. É inventivo nas soluções e consegue por isso manter um clima tenso, um ritmo narrativo constante e criar imagens simultaneamente belas e pesadas. Não é dos temas mais originais, mas vindo desta cinematografia, é verosímil na sua frescura e ousadia.

Classificação: ★★★★

19:00 – “Willow

Willow - Poster

Milcho Manchevski – 91’ (República da Macedonia/Hung/Belg) – drama – SR – v.o. leg. Ingl e port.

Três mulheres da Macedónia têm de lutar pelo controle dos seus corpos. Em causa a tradição, a lealdade, a gravidez e adopção. Não pensam em mudar o mundo mas o seu desejo de serem mães transforma-as em heroínas improváveis. O realizador, Leão de Ouro no festival de Veneza, entre inúmeros prémios, já foi vencedor do Prémio Carreira no Fantasporto.

Apreciação: Manchevski é um habitué do Fantas e adoram-se mutuamente. Vendo este filme, não é difícil entender o porquê. “Willow” é um filme seguro e cativante sobre temas universais, independentemente da localização e cultura, da esfera politica ou social. É sobretudo de humanidade que aqui se pretende falar, ou melhor, sentir. Existe segurança no controle da narrativa, e isso nota-se. Apesar de fraccionada, é fácil perceber os temas comuns e a unidade da obra. Excelente fotografia e direcção de actores que arranca imterpretações seguras a quase todo o elenco. E depois da sessão há poesia que fica, e isso não é para todos.

Classificação: ★★★★½

21:15 – “Deathcember – VOL 1

23:00 – “Deathcember – VOL 2

Deathcember - Poster

Dominic Saxl, Isaac Ezban, Sonia Escolano, Michael Varrati, Burg Sayn, Ama Lea, Sadrac Gonzalez Perellon, Julian Richards, Vivienne Vaughn, Ruggero Deodato, Sam Wineman, Andreas Marshall, Milan Todorovic, Pollyanna McIntosh, Remi Frechette, Jason Rostovsky, John Cook Lynch, Annika Marx, Steve De Roover, Florian Frerichs, Trent Haaga, Jurgen Kling, Sang-woo Lee, Lucky McKee, Bob Pipe, Alyosha Saari, R Zachary Shildwachter, B.J. Colangelo, Lazar Bodroza – VOL 1 – 77’ / VOL 2 – 68’(Alem/EUA/Sérvia/Esp/Hol/UK/JapIta/Can) – P&P- v.o. leg. port.

Uma série das melhores curtas-metragens fantásticas do ano organizadas dentro de calendário de Natal, realizadas por nomes sonantes como Ruggero Deodato, Julian Richards, Milan Todorovic ou Pollyanna McIntosh.

Apreciação: Exactamente uma semana depois de “A Night of Horror – Nightmare Radio” surge-nos nova antologia, bem diferente na forma, mas com resultados semelhantes. Se na primeira, havia poucas curtas com um fio contudor, aqui são 27, coladas uma às outras, apenas com um tema comum. E, se na primeira, havia uma homogeneidade qualitativa, aqui há oscilações muito grandes, até pelo número de realizadores envolvidos e de tão diferentes cinematografias. Enquanto na primeira havia contenção (e o elo mais fraco era a sua ligação), aqui há exagero, e as fraquezas estão em alguns dos conteúdos. Aqui existe a vantagem de nenhuma das curtas ter mais de 5-6 minutos, portanto nenhuma das más parece muito longa ou difícil de suportar. Existe também a desvantagem de nenhuma das curtas ter mais de 5-6 minutos, o que faz com que as boas nos tenham sabido a pouco e quisessemos ver mais de algumas daquelas estórias. Ou seja, o que “Deathcember” tem de bom e de mau vem da sua premissa, e por muito bons que sejam alguns momentos, o resultado final acaba por não ser bom nem mau, antes pelo contrário.

Classificação: ★★

SÁBADO, 7 DE MARÇO

15:30 – “Welcome to the Circle

Welcome to the Circle - Poster

David Fowler – 98’ (Can) – fantástico horror – CF – v.o. falad ingl e leg. port.

Um homem e a filha têm um acidente de carro. São recolhidos numa casa isolada na floresta por duas mulheres e um homem com a linguagem própria de uma seita – o Círculo. Uns estranhos manequins estão espalhados pelo local. 1º filme do realizador canadiano David Fowler.

Apreciação: Filme que não prima pela originalidade, mas cumpre no objectivo de entregar um produto que nos soa a familiar, com alguns sustos e tensão. É competente e fácil de ver e apreciar, mas não deixará grande memória.

Classificação: ★★½

17:30 – “40 Anos de Fantasporto

40 Anos de Fantasporto - Poster

Isabel Pina – 110’ (Port) – documentário PCP e P&P – ANTESTREIA MUNDIAL – v.o .port., leg ingl.

Celebrando os 40 Anos do Fantasporto, relembram-se os anos passados. Revisitando intensivamente a história do evento, Isabel Pina entrevistou dezenas de pessoas ligadas ao festival, desde os fundadores, Mário Dorminsky e Beatriz Pacheco Pereira, aos realizadores e profissionais que, no evento, iniciaram as suas carreiras. É considerado o maior festival de cinema em Portugal, e reconhecido a nível internacional como um dos mais importantes a nível mundial. Ao entrar na sua 40ª edição, este trabalho visa relembrar alguns dos momentos mais marcantes da sua vida.

Apreciação: Documentário muito particular e inacabado, que visa sobretudo acarinhar e parabenizar os autores do festival pelo 40º aniversário. Começa num registo interessante, com um mestre de cerimónias animado a começar a desfiar a história do Fantas. O problema é que essa história está pouco ou nada documentada e não é minimamente aprofundada. Rapidamente começa o desfile de amigos, convidados e público do fantas a explicar as suas ligações pessoais com o festival, as suas memórias e elogios ao casal organizador. Como documentário, é pouco jornalistico e muito mais pessoal e emocional. Técnicamente, não está acabado (work in progress, como se lhe referiu a realizadora), e portanto não é possível fazer uma apreciação que não seja depreciativa, ao que me vou escusar. No resto, preferia saber mais sobre os bastidores, as dificuldades, os triunfos, as histórias caricatas (sei algumas, de certeza há muitas mais), mas de certeza não faltarão oportunidades no futuro. Aqui, ficamo-nos pela festa de aniversário e nada me resta a fazer, como assíduo do festival há 28 anos, do que juntar a minha voz ao coro de parabenização, e desejar mais 40 anos de (menos) luta.

Classificação: Não se aplica.

O trailer ainda não está disponível.

21:00 – SESSÃO DE ENCERRAMENTO E DE ENTREGA DE PRÉMIOS – “Loop

Loop - Poster

Bruno Bini – 100’ (Brasil) – Fantástico – CF – V.O. port. leg.ingl.

Quando se viaja no tempo, há riscos inesperados. Para Daniel, as coisas podem acabar em pesadelo. Produzido pelo conhecido Fernando Meirelles, já nomeado para os Óscares por “Cidade de Deus”, conta com os conhecidos actores Bruno Gagliasso e Branca Messina.

Apreciação: Belíssima surpresa vinda do país irmão, “Loop” é um thriller policial de ficção ciêntifica, com viagens no tempo, que resulta num filme consistente e apelativo. O filme conta com um sólido argumento, bem escrito e imaginativo nos twists, bem realizado e interpretado, com excelentes fotografia e banda sonora. Foi provavelmente o melhor filme na competição fantástico desta edição do Fantas.

Classificação:★★★★

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