Cinco novidades e um clássico para o Halloween.

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Porque é fim de semana de Halloween, trago-vos algumas sugestões de filmes que vos proporcionarão alguns arrepios, gargalhadas e até algum nojo. Só tem de escolher aquilo que vos apetece. Podia ir pelo caminho fácil de compilar os clássicos e ir pelos títulos óbvios alusivos à data, mas preferi reunir algumas novidades (todos filmes de 2015) e um clássico menos óbvio. Portanto, não verão nesta lista filmes como “John Carpenter’s Halloween”, “Tim Burton’s Nightmare Before Christmas” ou “Trick ‘r Treat”, mas acho que não ficarão mal servidos.

Comecemos então pelo clássico, “John Carpenter’s The Fog”, de 1980.

Este é um dos meus títulos preferidos do mestre do horror, mas é daqueles que frequentemente ficam esquecidos na nomeação das suas maiores obras. E é uma pena, porque é um belíssimo filme, com uma fotografia de tirar o fôlego, do (agora) mestre Dean Cundey, e com um excelente elenco, com nomes como Adrienne Barbeau, Jamie Lee Curtis, Janet Leigh e Hal Holbrook. Conta a lenda, e é por ela que começamos, que há precisamente 100 anos, um pequeno barco foi engolido por um banco de nevoeiro, e uma pequena chama de fogueira atraiu-o para a praia, onde naufragou nos rochedos, levando consigo para o fundo toda a tripulação. Diz-se que sempre que o nevoeiro reaparece, a tripulação sai das águas, à procura da fogueira que lhes tirou a vida. Carpenter consegue, com os poucos meios de que dispunha, criar uma atmosfera densa e plena de suspense, com um ritmo lento e sufocante e pormenores narrativos que mantêm o espectador sempre no limite do assento. Destaco, por exemplo, a voz omnipresente de Barbeau, a locutora de rádio que acompanha nas ondas do éter toda a narrativa. É um filme para ver no escuro, com companhia.

Classificação: 5/5

E, já que falei da voz de Adrienne Barbeau, saltamos para um filme que tem menos de um mês, e foi criado especificamente para esta data.

Tales Of Halloween” é uma antologia, com 10 estórias, passadas todas nesta noite. Apesar do tema ser comum, há aqui abordagens para todos os gostos, umas mais conseguidas do que outras, como é normal nestes casos, mas cujo resultado final é sólido e maioritariamente bem conseguido. Da lista de realizadores destacam-se Neil Marshall (“The Descent”), Darren Lynn Bousman (da saga “Saw”) ou Lucky McKee (“The Woman”). No elenco encontramos nomes como Pollyanna McIntosh, Greg Grunberg ou Lisa Marie, além de realizadores como Joe Dante, Mick Garris ou John Landis. Mas a cereja no topo do bolo é precisamente a voz de Adrienne Barbeau, revisitando (35 anos depois) a sua personagem da locutora de rádio, que faz a passagem de umas estórias para as outras e dá solidez à antologia.

Classificação: 4/5

Passamos para um pequeno filme Inglês independente, “The Howl”.

O realizador Paul Hyett, vindo da caracterização, já tinha ganho o prémio da crítica com o seu filme de estreia “The Seasoning House” no Fantasporto 2013, e regressa aqui com um filme de lobisomens despretensioso e bem conseguido. Quando uma viagem nocturna de comboio é misteriosamente interrompida no meio de uma floresta, e este é atacado por horrendas criaturas, os passageiros vão tentar sobreviver até ao nascer do dia. Hyett consegue gerir muito bem a narrativa, criando uma tensão constante, pontuada com humor e bons efeitos práticos, apesar de não conseguir evitar alguns clichés do género. “Howl” resulta num filme competente, envolvente e sobretudo despretensioso, que consegue assustar e criar suspense suficiente para agradar aos fãs do género.

Classificação: 3.5/5

E porque falei no Fantasporto, trago-vos agora dois filmes que estiveram presentes na edição deste ano. “The Canal” foi aquele que me conseguiu provocar os maiores arrepios.

Escrito e realizado por Ivan Kavanagh, “The Canal” retoma o tema da casa assombrada, embora aqui a ameaça exceda os limites do edifício. Um casal com um filho muda-se para a casa dos seus sonhos. Enquanto o marido, arquivista de filmes antigos, descobre numa bobine antiga que a casa onde vivem foi palco de um violento crime há mais de um século. Parece demasiado dejá vú, mas Kavanagh consegue criar um bom clima de suspense, sem nunca ser demasiado explicito e gerindo muito bem as expectativas e a informação que dá ao público. Rupert Evans é a estrela de serviço, numa sólida composição que lhe valeu o prémio de melhor actor no festival. Mais um filme para ver no escuro, e com o som bem alto…

Classificação: 5/5


Awaiting” é o outro filme presente no Fantas deste ano, que pode proporcionar uma boa noite de Halloween, apesar de aqui não haver monstros nem fantasmas, nem nada de verdadeiramente sobrenatural, embora a revelação final seja bem mais assustadora. Um homem de negócios tem um acidente de carro numa zona isolada e é resgatado por um homem e pela filha que vivem sozinhos em reclusão. Quando todas as tentativas de se ir embora são sabotadas, e descobre o que o local esconde, vai tentar sobreviver a todo o custo. Mark Murphy já tinha estado estado no festival com um filme bem menos interessante, e por isso este não me despertava grandes expectativas, mas a forma como consegue gerir a crescente tensão e a explosão de violência na parte final, surpreende e “Awaiting” (apesar de um erro de continuidade demasiado evidente) revela-se um título bastante competente e perturbador.

Classificação: 4.5/5

Por último, damos um salto até à Nova Zelândia, terra de “Braindead” de Peter Jackson, com “Deathgasm”.

Um adolescente metaleiro vai viver para casa dos tios, numa pacata cidade, e cria uma banda de metal. Quando descobrem que uma lenda do género vive lá perto, invadem-lhe a casa e descobrem uma partitura que, quando tocada, invoca demónios que vão virar a cidade do avesso. O filme é realizado por Jason Lei Howden, um técnico de efeitos especiais que trabalhou em filmes como “Prometheus”, “The Avengers” e a saga “The Hobbit” e, nesse aspecto, é bastante competente, mas falha no argumento, que não consegue manter o nível de loucura desenfreada e frenética até ao final. Acaba por ser uma comédia gore excessiva e competente, mas que poderia ser bem melhor se, ao entrar no terceiro acto, não assumisse um tom mais sério. No entanto, para aquilo que se pretende na noite de Halloween, acaba por ser apropriado.

Classificação: 3/5

Espero que gostem destas escolhas, e que tenham um assustador Halloween.

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